Um pouco às cegas lá fui eu metido num avião com destino a Marraqueche. Adivinhava-se muito calor à chegada, mas não aquele baque com que defrontei, aquele bafo do inferno que não deixa ninguém indiferente.
Não posso de todo dizer que me homogeneizei com tudo, pois pessoalmente gosto de explorar, mas sem que me convidem, toquem excessivamente, agarrem ou induzam a ver, comprar, beber ou comer, e isso é uma constante em Marrocos. No entanto, no início estranha-se mas depois entranha-se, começa-se a conhecer o ritual das coisas e que a forma de eles lidarem com quem ali está de visita é formal, que eles são alegres, divertidos e educados, senhores de um olhar diferente do nosso, cheio de mistério, envolvência, elegância e gentileza.
Faz-me impressão como se vive com tão pouco, como levam tão a sério o que para nós não passa de chacota ou menosprezo, como são nitidamente felizes com tanta precariedade e a forma como um simples agrado ou cavalheirismo lhes arranca sorrisos e nítido brilho nos olhos.
É com toda a certeza um país a revisitar, mas obrigatoriamente noutros moldes, com mais tempo, com outra mente de espírito e noutra época do ano, com temperaturas mais amenas e suportáveis.