sábado, 29 de outubro de 2011

O Anjo Branco

“Há certas coisas na vida que, apesar de existirem, não é possível enclausurar ou exprimir em palavras. São se quiseres, propriedades intuitivas. Existem, apesar de não podermos descrevê-las com rigor. A sua definição exacta escapa-se-nos e, quando tentamos formulá-la, nunca é pela positiva, mas pela negativa.”
José Rodrigues dos Santos in (O anjo branco)

  E assim cheguei ao fim de mais um livro do José Rodrigues dos Santos. Mais uma vez fiquei extasiado com a forma de escrever deste senhor que tem a capacidade de arrebatar sentimentos que julgamos estarem extintos, ultrapassados ou impossíveis de sentir pela leitura.
Este livro tem a capacidade simultânea de nos fazer rir e chorar, misturando episódios hilariantes de amor, ódio, guerra, sexo e relações interpessoais e familiares.
Incide maioritariamente sobre um período temporal negro ou algo obscuro da nossa história, sobre o qual sempre senti uma sensação de reserva ou salvaguarda no relato dos acontecimentos e que aqui nos é mostrado também pelo lado oposto, pelo lado “negro” moçambicano durante a guerra colonial, nomeadamente as acções das tropas da “metrópole” envolvidas no terreno e das guerrilheiras “turras” locais, as acções da PIDE ou DGS no palco de guerra, e, “aquilo” que ainda hoje os veteranos de guerra acautelam em segredo.
É um livro “maningue nice” ficando eu a aguardar ansiosamente lá em casa pela próxima publicação deste nosso grande escritor.

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